A Busca da Visão é mais do que um retiro espiritual ou uma experiência de meditação. É um rito de passagem ancestral, um caminho de entrega total, em que o buscador se despe de tudo o que acredita ser — e se reencontra com a verdade de quem realmente é.
É uma jornada de desprendimento, silêncio e revelação. Durante quatro dias e três noites, nas montanhas sagradas de Aiuruoca (MG), somos conduzidos a um encontro com o Grande Espírito e com a Grande Mãe, em um local reconhecido por líderes espirituais do mundo como chacra planetário de cura, emanação de luz e sabedoria viva.
Guiados por Sthan Xanniã Tehuantepeltl, os participantes são conduzidos a um Local de Poder, onde a oração, o canto e o silêncio se entrelaçam em um mesmo sopro de transformação.
É um tempo de purificação, de comunhão com os elementos e de profunda escuta interior — um convite para enxergar, além dos olhos, a visão que o Espírito tem para nossa existência.
Durante a Busca, entramos em contato direto com as quatro direções sagradas, cada uma revelando uma dimensão da nossa natureza — corpo, coração, mente e espírito.
O Sol nasce no Leste, e com ele, desperta o poder do novo começo.
Aqui, olhamos para nossa visão de vida:
“Qual é o meu propósito? Estou movendo-me em direção aos meus sonhos?”
É a direção da coragem, da ação e da esperança renovada.
O Sul é o lugar da doçura e da entrega. Aqui nos perguntamos:
“Como cuido da minha criança interna? Permito-me sentir, amar, ser vulnerável?”
O Sul ensina o poder do amor e da confiança, ajudando-nos a manifestar nossos propósitos com leveza e verdade.
O Sol se põe no Oeste, e com ele vem o mergulho na sombra.
“Quais partes de mim precisam morrer para que o novo floresça?”
É o lugar da cura, da introspecção e do aprendizado com o silêncio.
Aqui se purificam os medos e se abrem as portas da sabedoria interior.
O Norte é a direção da estabilidade, da sabedoria e da tradição.
“Como cuido do meu corpo? O que carrego comigo?”
É o espaço da escuta dos ancestrais, da aceitação e da força que vem do silêncio.
A direção que ensina a caminhar com consciência, sustentando os dons e responsabilidades que a vida nos confia.
A preparação começa no Patrimônio do Matutu, um vale sagrado envolto pela força da Mantiqueira.
Ali, antes de subir a montanha, realizamos círculos de cânticos, orações e limpeza áurica, e participamos de um Temazcal — a tenda do suor — às margens do rio, purificando corpo e espírito para o caminho.
Na montanha, o buscador permanece em meditação, jejum e oração, em contato direto com os elementos e com as forças da natureza.
Cada amanhecer e cada entardecer tornam-se portais de compreensão e presença. O tempo se expande. O ego silencia.
E o que emerge é a voz interior — a sabedoria do coração.
Ao retornar, descendo da montanha, somos novamente acolhidos no Patrimônio.
O corpo repousa, o espírito repousa.
Integramos a experiência e deixamos que ela se transforme em vida.
A visão recebida é semeada em ações, gestos e palavras, guiando o buscador em seu novo ciclo.
A Busca da Visão é uma cerimônia ancestral transmitida há milênios pela tradição oral dos povos ameríndios.
É um rito de passagem que transcende religiões e doutrinas, pois fala diretamente à alma.
O buscador pode, se desejar, seguir o ciclo completo de quatro anos, honrando cada uma das direções sagradas — Leste, Sul, Oeste e Norte — e, posteriormente, realizar a quinta e sexta buscas: Centro, Céu e Terra, completando o círculo da vida.
A Busca da Visão é uma travessia de cura, coragem e entrega.
É uma peregrinação interior conduzida com impecabilidade e reverência, nas montanhas onde a energia da Mantiqueira pulsa com força milenar.
Não há palavras que descrevam — há apenas a experiência.
A montanha fala. O vento responde. O coração compreende.
É uma cerimônia que revela o papel que nos cabe neste mundo, mostrando a realidade que criamos e a realidade que o Grande Espírito e a Grande Mãe desejam nos mostrar.
Um encontro com o destino da alma.